A partir desse mês eu irei escrever uma série de textos rápidos sobre como melhorar a escrita científica de forma prática através de exemplos. Hoje vou mostrar como validar o abstract e comentar rapidamente porque essa deficiência não é acompanhada nem mesmo entre os melhores alunos de pós-graduação. Boa leitura!
Veja a diferença:
Abstract. Enterprise Architecture can be a means to
achieving IT governance and, thus, ensures a competitive advantage to the firm.
After dozens years of studies, researchers concluded that the approach still is
immature and there is a dispersion about their subjects, in addition to a
little participation of the industry. There are several troubles to solving when
their deployment (e.g. methodologies, standards, models for assessment and
management), in this context, the right alignment to the enterprise
perspectives are hinders. This work contribute to a hybrid approach, that
inserts into the architecture life cycle, a software process model based on
management models using a continuous architecture environment. In this context,
the paper presents the FACTO, a roadmap for institutionalizing, evaluating and
implementing Enterprise Architecture in the software development environment.
Abstract. The Brazilian Symposium on Computer in Education (SBIE) has established
itself as the main scientific event in this area in Brazil. It is
considered as an important conference to disseminate results, discuss
trends and to promote interaction among researchers. This
paper aims to plot the landscape of computer in education area in
Brazil, based on papers published on SBIE between 2001 and 2012. The method used in this paper is a mapping study, which is a secondary
research applied to integrate results gathered from several studies
published previously. The results
show that the research in computer in education in Brazil is diverse
with respect to the researched topics, and various contexts are covered.
However, it is restricted regarding the research methods. It can also
be highlighted the low occurrence of empirical methods.
Não conseguiu ainda avaliar qual a diferença? Melhora assim?
Abstract. Context: The Brazilian Symposium on Computer in Education (SBIE) has established itself as the main scientific event in this area in Brazil. It is considered as an important conference to disseminate results, discuss trends and to promote interaction among researchers. Goal: This paper aims to plot the landscape of computer in education area in Brazil, based on papers published on SBIE between 2001 and 2012. Method: The method used in this paper is a mapping study, which is a secondary research applied to integrate results gathered from several studies published previously. Results and Conclusion: The results show that the research in computer in education in Brazil is diverse with respect to the researched topics, and various contexts are covered. However, it is restricted regarding the research methods. It can also be highlighted the low occurrence of empirical methods.
A chave para um bom artigo é prover as informações esperadas
pelo leitor de forma simples e objetiva [Gilson Volpato]. No início, todos temos essa
dificuldade, por isso é importante fazer um mapeamento objetivo buscando informar
o leitor especializado. Quando colocamos em evidência cada parte do abstract, percebemos: o problema, o objetivo, o método utilizado na pesquisa, além dos seus resultados e as conclusões.
Isso é visto de forma simples apenas realizando uma validação no
abstract do artigo. Não existe um processo formal de validação da escrita científica com esse
nível de detalhe? Sim, na cabeça do orientador experiente!
Alguns pesquisadores dizem que deixar o leitor ávido por
informação irá fazer com que ele leia a introdução e a conclusão, mas os especialistas
em escrita científica [Gilson Volpato] defendem um resumo criativo que siga determinados critérios. Talvez os cursos de metodologia em pesquisa científica estejam ultrapassados, justamente,
por não demonstrarem isso.
Percebo que
há muito material, mas pouca abordagem prática e diferentes visões sobre como
utilizar os métodos e técnicas. Uma prova disso é que a maior parte do conhecimento válido é passado informalmente entre
orientadores e alunos, o que dificulta até medir a direção e eficácia da orientação,
sem falar no aprendizado.
Se eu publicar uma série de artigos A1 [índice de qualidade CAPES] isso prova que eu sei
escrever bem e posso trabalhar como revisor em outros eventos? Vejo muitos
casos práticos que não. Isso poderia explicar também a aprovação de muitos
trabalhos ruins. Na verdade, não temos tido um [BOM] aprendizado formal sobre
escrita científica nas universidades federais. Não por falta dos professores,
mas porque grande parte do sucesso da escrita se deve as informações
repassadas entre orientadores e alunos e nada disso é medido ou acompanhado em
detalhes pelas universidades. Todo o foco está apenas no resultado da publicação.
O problema é que a publicação apenas divulga os resultados da pesquisa, mas para
publicar é preciso aprender e ser avaliado neste quesito também. Então teríamos mais uma disciplina? Não.
Em todas as conversas que tive com bons pesquisadores eles disseram
que repassam o conhecimento de modo informal aos orientados, inclusive
repetindo algumas ações improdutivas, a exemplo de riscar todo o texto e
pedir para re-escrever os trechos com os problemas encontrados. Uma coisa eu tenho
percebido recentemente, ter um mentor e não apenas um orientador faz
toda a diferença!
Se conseguíssemos um sincronismo com as aulas de
escrita científica e as orientações de um pesquisador mentor, elevaríamos o potencial dos estudantes brasileiros rapidamente. Não esperaríamos cada erro para ter as respostas no aprendizado
informal e também não haveria dependência para adquirir esse aprendizado. Em suma, a mudança do papel de orientador para mentor poderia até mesmo aumentar a qualidade do programa de pós-graduação, já que a publicação é a principal medida utilizada pela CAPES.