sexta-feira, 15 de março de 2013



 

Elevar o fator humano nos projetos gera resultados?.

Trabalhei em diversos projetos em que o pensamento era para cada problema um culpado, eu sei que isso não funciona!. Quando trabalho na liderança ou coordenação de equipes, a primeira coisa que faço é criar um modelo de trabalho voltado para o lado humano. Nesse post eu explico porque investir no fator humano gera resultados com relatos das próprias pessoas que trabalharam comigo. Por conta do tempo, escolhi mostrar 3 modelos que criamos nas empresas que trabalhei: (1) criado para aproximar as pessoas, (2) criado para diminuir as brigas e a competição e (3) para melhorar o ambiente de trabalho. Em cada um eu destaco os principais resultados, com exceção do último, onde eu deixo meus próprios colegas destacarem a importância do fator humano sob a ótica deles.

--O primeiro modelo
Quando alguém saia e não deixava avisos, levava uma bronca. Porque o nosso chefe ficava procurando pela planta inteira da fábrica onde as pessoas estavam para resolver os problemas nos sistemas de tempo real com risco à vida. Nós aproveitamos um quadro branco que nunca era utilizado e criamos uma tabela com os nomes das pessoas. Assim, cada vez que um saia era um ponto negativo e no final de semana fazíamos um café da manhã e a pessoa com maior pontuação negativa pagava o item mais caro da cesta se pudesse, caso contrário os dois seguintes ajudavam, mas no final o custo era sempre divido por todos.

Resultado: Todos ficaram mais responsáveis e o fator humano era tão forte que muitos continuaram amigos até hoje. O quadro passou a ser uma grande brincadeira, todos queriam inserir os nomes para participar do "café da TI" até quem não era do setor. Imagine, logo a área de TI ter os funcionários mais alegres da empresa?. Na minha opinião.

--O modelo mais recente
Depois de ver diversas brigas entre chefias e funcionários pela falta de comunicação e disputas internas por cargos e salários sugeri trabalharmos mais próximos. Apresentei aos colegas a idéia, que foram compartilhando e as pessoas aderindo pouco a pouco. Mudamos de local e ficamos mais próximos uns dos outros.

Resultado: As pessoas puderam conhecer todos os detalhes dos projetos desde o nível da diretoria até o programador e a diretoria pôde acompanhar as atividades de forma transparente. O layout da nossa sala foi baseado na Metodologia Cristal do Cockburn para elevar o fator humano, mas ninguém precisava saber desse detalhe!.

---O modelo marcante
Sentei com as pessoas e elaboramos uma forma de trabalho totalmente baseada na metodologia crystal e todos sabiam dessa vez. O fator humano é um dos pilares da metodologia, porque gera confiança, aumenta o comprometimento e melhora a satisfação pessoal. Então as pessoas ficam felizes e produzem mais como forma de recompensar o apoio que recebem de toda equipe.

Alguns resultados colhidos nas recomendações do linkedin:

"O Jaguaraci é um profissional calmo e organizado. Sabe escutar, motivar e obter o melhor de cada integrante da equipe sob pressão por resultados com prazos curtos. Busca atender as expectativas tanto das pessoas com que trabalha diretamente como dos superiores, sendo um facilitador para o bom andamento do projeto. Aprendi muito com sua experiência e conhecimento abrangente tanto técnico como pessoal. Foi um prazer trabalhar com alguém que preza pela eficiência, comprometimento e trabalho em equipe."

"Jaguaraci trabalhou no meu time como facilitador e gestor de demandas. Apresentou um trabalho excepcional e contribuiu positivamente orientando todo o time usando grandes conhecimentos gerenciais. Assessorou de forma exemplar os gestores do projeto."

"O Jaguaraci é uma pessoa que procura resolver tudo de forma justa, impessoal e tranquila. Uma pessoa que busca o equilíbrio e a assertividade. Conhece muito sobre qualidade, métricas, metodologias de trabalho, processos, tem uma bagagem acadêmica muito grande a qual aplica de forma a melhorar a produtividade e a organização do trabalho deixando a equipe praticamente auto gerenciável! Sabe lidar com a pressão e contornar dificuldades e procura sempre apoiar e defender a equipe! Defende o que acredita ser o certo, e seus argumentos sempre tem um forte embasamento. Um ótimo team lider!"

"Jaguaraci foi um excelente lider que mesmo com as duras pressões impostas pelo projeto, sempre transmitiu calma, orientações e segurança para a equipe. Um grande lider que sabe discutir assuntos criticos com bastante inteligência."

"Tive a oportunidade de assistir a atuação de Jaguaraci como lider técnico de um módulo bastante complicado... Nesse período conseguiu guiar a equipe sem que fosse contaminada pela forte pressão (stress) imposta pelo cliente. Sempre calmo, Jaguaraci criou ferramentas de acompanhamento de produtividade e apoio a gestão e conseguiu fazer com que seu time nunca perdesse o entusiasmo (mesmo nos momentos mais difíceis)..."

"Jaguaraci sempre contribuiu com seu conhecimento sobre processos e engenharia de software, em projetos de grande complexidade e pressão. Ele tem a característica de manter a calma mesmo em momentos críticos, permitindo a tomada de decisões de forma concentrada no problema. Foi gratificante trabalhar com o Jaguaraci, com certeza um grande aprendizado."

Todos os meus colegas praticamente resumiram o que é a metodologia crystal. Todo o sucesso que temos é parte de um trabalho em equipe. A primeira coisa que sempre deveríamos nos preocupar é com a satisfação pessoal de todos, retirando todos os obstáculos do caminho e lutando para que tenham reconhecimento e acesso às promoções. Trabalhar sempre com transparência!.

É posssivel ver nesses depoimentos que eles citam: a calma para escutar, saber orientar, motivar, apoiar, facilitar, ser justo e impessoal, não ofuscar uma pessoa, transmitir calma nos momentos de pressão e dar segurança para que todos possam trabalhar. Eu tinha um olhar muito atento para cada um, ao ponto que percebia até os problemas pessoais. Sempre almoçava com todos, mesmo que cada dia com um grupo separado para saber se estavam bem e podia ajudar em alguma coisa.

Para cada um eu mantive o meu compromisso até o final e fiquei muito feliz e honrado em receber esse reconhecimento deles. Aproveito para mandar um grande abraço à todos e agradecer publicamente por tudo isso que vocês também fizeram por mim. Desejo de coração que vocês tenham muito sucesso e podem contar comigo sempre.

quinta-feira, 14 de março de 2013

                                
                          Qual a Verdadeira Proposta do Diario de Classe da Isadora Faber?.

O professor no Brasil está longe de ser valorizado como merece e o resultado da relação ensino-aprendizagem será uma premiação para marketing de empresários. Estas são as duas últimas propostas defendidas no famoso Diário de Classe da Isadora Faber.

Hoje eu li uma nota no diário que me deixou realmente indignado com esse novo rumo da página: "PROFESSORA AUXILIAR (só dá "aula" se um professor de verdade faltar)". Essa avaliação pejorativa e generalista de uma classe docente, que a autora dediciu publicar para os mais de 590 mil seguidores, causou uma grande indignação em todos os professores e aspirantes a docentes como eu em todo o Brasil. Como assim um professor substituto não é professor de verdade?.

Semana passada a Isadora Faber (que se intitula atual proprietária e blogueira) pediu apoio aos empresários de todo Brasil para premiar os alunos com as maiores notas, indicando que iria implantar esse método de "incentivo" aos estudos em todas as escolas do país. Sem pensar nas mínimas consequências que a concorrência entre os alunos poderia acarretar, seguiu retrucando novamente os professores que criticavam a sua pedagogia desastrada.

O blog passou de críticas as situações de abandono da escola para avaliação de professores com base em ideologias baratas de ensino, ignorando décadas de pesquisas científicas sobre educação. Basta ter uma idéia e implementá-la, como se a educação no Brasil fosse uma grande brincadeira, onde é possível incluir e retirar práticas de ensino, analogamente, aos acessórios de uma casinha de bonecas da Barbie. Como se não bastasse o blog incitar ideologias educacionais sem qualquer fundamento, ainda contribui para a desvalorização dos professores onde a Isadora Faber estuda e de todo o país (o que não me causará espécie alguma saber dos pedidos de transferência por toda essa exposição gratuita na mídia).
Outra situação que é facilmente perceptível nas discussões com os seguidores da menina de 14 anos, que estuda na 8º série do ensino básico, é que eles realmente acreditam que essas ideologias são revolucionárias e trarão benefícios aos estudantes. Por isso é necessário uma boa reflexão sobre a seriedade da educação no país e tudo relacionado com o ensino. Todos nós desejamos que a educação seja sempre tratada com o devido respeito, a começar pela figura do professor. Embora não consiga expressar o tamanho da minha decepção com o Diário de Classe, pois era fã desse blog, deixo aqui essa nota de repúdio para pensarmos profundamente sobre essa inversão de valores que ele propõe e aproveito para manifestar o meu apoio a classe de professores auxiliares de todo o Brasil.

sexta-feira, 8 de março de 2013





Como Aumentar a Visibilidade do seu Artigo


Por muitas vezes realizei a atividade de Revisão Sistemática (RS) e quem já fez sabe a quantidade de publicações que as buscas retornam e como é cansativo todo o processo de seleção. A busca por palavras-chaves é a primeira etapa na condução de uma RS, além de volátil, é sempre necessário realizar pesquisas avançadas (como uma linguagem de consulta SQL) para melhorar os resultados das buscas em algumas bases. A acurácia dos trabalhos encontrados em uma RS, em muitos casos, é medida apenas entre os resultados e não em relação as fases da condução, por isso preste atenção nos parágrafos seguintes, pois neles estão alguns segredos para aumentar a visibilidade da sua publicação científica.

O processamento de uma pesquisa é realizado de forma diferente entre as bases mais utilizadas pelos pesquisadores de todo mundo. Em algumas bases a pesquisa é inferida via metadados e em outras determinados campos de uma publicação (e.g. abstract, título, tópico e palavras-chaves). A única certeza que você terá realizando uma busca é:
 
Nunca poderá pesquisar os mesmos campos em todas as bases e irá variar os atributos de pesquisa para fazer a mesma comparação. Assim, você fará uma análise tendenciosa, de forma a assemelhar os atributos da pesquisa como se tivessem o mesmo significado. Não acredita ou não entendeu?, keep calm e continue lendo.

A ausência de um mecanismo robusto leva a oscilação dos resultados. Realizando uma RS, notei os seguintes resultados com o mesmo conjunto de palavras-chaves: 
Alguns resultados foram aceitáveis, levando em conta uma taxa de erros definida para apontar o quanto as palavras-chaves poderiam ser bem ou mal definidas para as buscas (percentual de trabalhos de outras áreas que não são da área que estávamos pesquisando). Já a BibliotecaDigital da ACM, que retornou 140 publicações e a Web of Science, que retornou 93, demonstram que o mecanismo de busca dessas bases desfavorece a busca efetiva em uma determinada sub-área de conhecimento, pois não é criada uma correlação semântica entre os termos pesquisados nas palavras-chaves automaticamente como nas outras bases.

Afirmo isso, porque comparando o percentual de erros entre as bases, relembrando: publicações de outras áreas que não sejam o foco da pesquisa, temos uma diferença muito grande:

Isso significa que a maior parte do tempo ficamos lendo diversos trabalhos que não são o foco da nossa pesquisa. Analisando a taxa de erros podemos ver claramente uma variação muito grande entre as outras bases e a Biblioteca Digital da ACM e Web of Science (e não é por causa da quantidade de documentos indexados):

1)      Scopus = 49.000.000
2)      Web of Science = 46.000.000
3)      Science direct = 11.560.155
4)      Springer = 6.880.864
5)      Compendex = 4.045.554
6)      IEEE Xplore = 3.418.720
7)      Google Scholar = 599.000 (2000-2013)
8)      Biblioteca Digital da ACM = 372.129

A Biblioteca Digital da ACM possui a menor base de todas, porém se destacou com uma alta taxa de erros, porque a acurácia das pesquisas não é boa. O mesmo caso da Web of Science, embora essa permita inserir filtros para calibrar o alvo da pesquisa, ela retorna muitos artigos de outras áreas que não estão sendo pesquisadas. 

Analisando os resultados em uma segunda condução da RS, retirei uma palavra-chave e inclui um filtro no tópico de pesquisa (nas bases que disponiblizaram essa alternativa). Como resultado, as bases com as piores taxas de erro não tiveram uma redução tão significativa com a nova pesquisa de palavras-chaves e filtro no resumo das publicações:
  • Biblioteca Digital da ACM de 120 para 96 (abstract) e 20 para 17 (título).
  • Compendex de 60 para 43.
  • Science Direct de 54 para 13.
  • Web of Science de 72 para 49 (tópico) e de 21 para 15 (título). 
*As outras permanceram com os mesmos resultados!
 
Na primeira condução da Revisão Sistemática, os filtros reduziram o universo de leitura em média 70% com um desvio padrão de 11,5%, então na segunda condução esparamos ter algo em torno de 70-90 publicações para leitura integral contra 100-120 da anterior. Também com a redução dos estudos duplicados (em torno de 20% na condução anterior), o número total de artigos pode cair para em torno de 50 contra 85.

As conclusões iniciais desse experimento não é sobre a pesquisa em si, chamo atenção para a inexistência de estudos sobre a forma de condução de uma Revisão Sistemática em detalhes. A análise de cada base, incluindo as suas taxas de erros e acertos poderia ajudar na melhoria da arquitetura de busca dessas bases por incitar a competição com outras interfaces de busca melhores. Também, é importante frisar que grande parte dos dados das revisões podem ser tendenciosos, já que o objetivo é reduzir o universo da pesquisa, além de ignorar trabalhos científicos relevantes que não são muitos citados ou encontrados com facilidade. Por isso reitero a importância de ter um bom título em sua publicação, em todas as bases a pesquisa no título do trabalho obteve um grau de precisão muito alto, no caso da Biblioteca Digital da ACM a taxa de erros foi zero!. Isso significa que ao formular as palavras-chaves, definimos uma boa semântica de busca, diretamente no foco da área de pesquisa.

O segredo para definir um bom título para a sua publicação é saber relacionar conceitos e atributos que possam ser encontrados com facilidade pelos mecanismos de buscas menos sofisticados (e.g. “A Study on Exception Detection and Handling using Aspect-oriented Programming”). Provalmente quem irá procurar por estudos sobre tratamento de exceções irá encontrar esse artigo facilmente, por isso ele é um dos mais citados nessa área. No caso desse
exemplo, embora o estudo tenha sido realizado com o foco em programação orientada a aspectos, os seus atributos possuem as palavras-chaves: detecção e tratamento, que são conceitos fortes relacionados com os métodos de tratamento de exceção em qualquer área da computação. Claro que a citação do artigo não é definida apenas pelos resultados da busca, ainda é necessário ler todo o trabalho na íntegra para encontrar contribuições relevantes no tema da sua pesquisa. Mas com o universo de busca tão grande, a prioridade de leitura será dos artigos mais citados e se você não facilitar a seleção da sua publicação, dificilmente ela será incluída numa Revisão Sistemática e assim poucos terão acesso a sua pesquisa. 

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